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FIM DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

Em 25 de novembro de 1960, os corpos de Minerva, Patria e María Teresa Mirabal foram encontrados num barranco, no interior de um jipe, perto de Puerto Plata, na República Dominicana. “Las Mariposas”, como ficaram conhecidas as três irmãs dominicanas, haviam sido alertadas sobre a possibilidade do trágico desfecho, caso continuassem seu ativismo contra a ditadura de Rafael Trujillo.

Era uma sexta-feira, dia em que Minerva e María Teresa viajavam para visitar seus maridos, que eram presos políticos. Naquele fatídico 25 de novembro, Patria se juntou a elas. As irmãs sofreram uma emboscada, foram enforcadas e espancadas. O veículo que as conduzia foi jogado de um precipício, para que as mortes parecessem resultado de um acidente automotivo. Ninguém acreditou no governo e, devido à popularidade das irmãs, o acontecimento gerou forte comoção na República Dominicana, contribuindo para que o regime trujillista chegasse ao fim no ano seguinte. Desde 1999, a data de suas mortes se tornou uma data comemorativa internacional para marcar a luta das mulheres contra a violência.

Mais de sessenta anos se passaram e infelizmente o cenário da violência contra as mulheres no mundo ainda é alarmante. Segundo o Relatório Global da Organização Mundial de Saúde (OMS), com base em dados de 2000 a 2018, uma em cada três mulheres em todo o mundo sofre violência física ou sexual, geralmente perpetrada por parceiro íntimo. No Brasil, de acordo com o 14º Anuário Brasileiro de Segurança Pública (2020), trinta mulheres sofrem agressão física por hora; uma mulher é vítima de estupro a cada 10 minutos; três mulheres são vítimas de feminicídio por dia.

Por mais que tenhamos uma das melhores legislações do mundo no enfrentamento da violência contra a mulher – a Lei Maria da Penha – ainda há muito que se avançar nesta matéria. São muitas as dificuldades que as mulheres enfrentam quando tentam denunciar as violências que sofrem. Segundo pesquisa do IBGE, apenas 7,3% dos municípios brasileiros possuem uma Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher. Assim, muitas têm de recorrer a delegacias não especializadas, onde se observa, muitas vezes, a falta de capacitação de policiais para lidarem com estes casos. Outro obstáculo é a comprovação do crime, já que alguns tipos de violência, como a psicológica, não deixam evidências físicas.

Apesar destas dificuldades, a promoção de políticas de combate à violência contra a mulher tem figurado entre as preocupações dos governos nas últimas décadas. A Casa da Mulher Brasileira, por exemplo, procura conferir um atendimento integral às mulheres, reunindo em um só espaço serviços como acolhimento, apoio psicossocial, delegacia, defensoria pública. Essa iniciativa também promove a autonomia econômica, importante etapa para a saída das mulheres da situação de violência, já que muitas dependem financeiramente de seu agressor. Infelizmente, as CMB são realidade em poucos estados do país.

A Comunhão Popular manifesta seu apoio à causa do combate às violências perpetradas contra as mulheres do Brasil. É importantíssimo que a assistência à mulher vítima de violência tenha uma preocupação holística e seja replicada nacionalmente. Somos um espaço de diálogo e debate para proposição de políticas públicas em prol da garantia da segurança e integridade física e psicológica de todas as mulheres.

Sob Deus e com os pobres,
A Comunhão Popular

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