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O subfinanciamento do SUS e o drama da saúde pública

No atual campo político brasileiro, muitos são os políticos, influenciadores e movimentos que usam a bandeira pró-vida para cativar sentimentos e valores muito caros aos brasileiros, em particular aos cristãos. Mas como isso tem se transformado em práticas políticas de impacto real? Há muitos discursos e publicações nas redes, mas ações práticas de proteção à vida são poucas – para não dizer nulas.

Alguns dias atrás, a Comunhão Popular apresentou e explicou por aqui o seu compromisso com a defesa integral da vida humana, desde a concepção até a morte natural. Afirmamos claramente que este compromisso exige de nós uma luta sem trégua contra todo projeto de legalização do aborto e da eutanásia, mas vai também muito além disso, incluindo temas como segurança pública e assistência social.

Desta vez, queremos avançar um pouco mais nesse debate, indicando outro elemento essencial e muito concreto: um político que se coloque a favor da vida deve necessariamente se engajar na defesa do Sistema Único de Saúde. De fato, é através do SUS que os mais pobres são atendidos. Portanto, é através deste serviço público que as vidas da enorme maioria da população são, na prática, protegidas. Algo que se manifesta claramente em contextos extremos, como a pandemia de covid, mas que se mostra sobretudo em programas silenciosos e cotidianos, como o Saúde da Família, que ainda fortalecem o sentido comunitário de cada região.

Infelizmente, porém, não poucos são os problemas enfrentados pelo SUS. A desvalorização dos profissionais de saúde, por exemplo, é grande, tanto pelos baixos salários quanto pela falta de um plano de carreira adequado. A infraestrutura física do sistema também é um grave desafio. Ou quem nunca viu um espaço público de saúde funcionando em uma construção improvisada, como contêineres? O maior problema do Sistema Único de Saúde, porém, consiste na falta de financiamento adequado, isto é, na falta de recursos.

Segundo dados do Mapa da Filantropia de 2019, cerca de 53% dos atendimentos prestados pelo SUS acontecem em Santas Casas e Hospitais Filantrópicos conveniados. Tais instituições, contudo, recebem seus pagamentos de acordo com uma tabela do SUS absolutamente defasada, o que prejudica severamente essas organizações e, por consequência, o povo, que depende delas para o seu atendimento. Este, inclusive, é o triste caso do famoso hospital de Salvador fundado por Santa Dulce dos Pobres, cuja direção dirigiu-se à imprensa pedindo socorro. E tudo isso ocorrendo enquanto instituições privadas com fins lucrativos são a todo tempo favorecidas em suspeitas parcerias público-privadas.

Precisamos urgentemente que vereadores, deputados e senadores se engajem com força no debate sobre o financiamento do SUS, garantindo que os seus repasses às entidades parceiras tenham seus valores corrigidos, ao menos contabilizando a inflação.

Envolver a sociedade civil nas discussões sobre saúde pública é colaborar com a proteção integral da vida!

Sob Deus e com os pobres,

A Comunhão Popular.

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