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A suspeita de propina para pastores do MEC e o projeto da Comunhão Popular

Sendo confirmado por apuração, o atual escândalo da propina para pastores no MEC é uma vergonha pública para aqueles que professam a fé cristã e constitui mais uma triste página na infeliz gestão do atual governo.

Uma pessoa apressada – e há muitas, por certo – concluiria que esse caso é mais uma prova de que a religião nada tem que ver com a política e que todo e qualquer projeto de uma política de inspiração cristã está fadado ao fracasso – ou bem termina em tirania ou bem termina em hipocrisia.

Mas isso é uma conclusão apressada e, portanto, simples. Em resumo, falsa.

Como diziam os latinos, o abuso não tolhe o uso.

A péssima qualidade média do ensino público brasileiro não prova que a universalização do acesso à educação básica foi um equívoco ou que o Estado não tenha o dever de instruir o seu povo. Tampouco os recentes escândalos de corrupção da Petrobrás e a atualmente criminosa política de preços da estatal negam que a campanha “O Petróleo é nosso” constitui uma das maiores glórias da história brasileira.

Antes, o que o caso da propina nos ensina é a distinguir – como fazia Jacques Maritain – entre, de um lado, uma política decorativamente cristã, farisaicamente cristã, e, de outro, uma política vitalmente cristã.

Um governo não se mostra de inspiração cristã simplesmente por exterioridades. Não basta dizer “Deus acima de todos”, possuir lideranças religiosas ao seu lado, ter apoiadores que bradem “Deus Vult!”, acusar de ateus e inimigos da fé os seus adversários políticos, ou proclamar defender a família. Tudo isto, o fariseu pode fazer muito bem.

Ao contrário, um governo se mostra de efetiva inspiração cristã por seus usos e costumes concretos, por sua capacidade de traduzir em políticas públicas eficazes os valores éticos e humanos consagrados pelo Evangelho: a opção preferencial pelos pobres; a subordinação da propriedade privada às exigências do bem comum; a defesa integral da vida humana, desde a concepção até à morte natural; o sentido moral da atividade pública; a proteção real da família e não uma caricatura dela; o respeito sincero aos símbolos religiosos.

Entre esses valores, inclusive, a necessária diferenciação entre poder civil e autoridade religiosa.

Este é o ponto capital! Nenhum outro.

A propósito, também para os governos farisaicos vale aquela advertência que Nosso Senhor fez para os seus discípulos em relação aos primeiros fariseus: “Observai e fazei tudo o que eles dizem, mas não façais como eles, pois dizem e não fazem.”

Que este apelo nos inspire uma política autenticamente cristã: de alma e de ações concretas, não de aparências.

Sob Deus e com os pobres.

A Comunhão Popular.

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