Na Sagrada Escritura e na Tradição, quatro são os chamados pecados que bradam aos Céus, isto é, que magoam de maneira especial o coração de Deus Todo-poderoso. Um destes quatro pecados especiais, conforme se lê na Carta de São Tiago, é não pagar o justo salário aos trabalhadores.
Não por acaso, ao longo da história, tantos e tantos foram os cristãos e cristãs que se colocaram ao lado da classe trabalhadora, defendendo para ela pagamentos mais dignos, direitos reconhecidos pelo Estado, proteção contra os desafios da doença e da velhice, além de condições adequadas para desempenhar o seu serviço.
Em nosso país, por exemplo, ao contrário do que diz o propagandismo liberal, a principal influência ideológica em nossa CLT, a Consolidação das Leis do Trabalho, não foi o fascismo, por mais que ele tenha tido seu peso, mas sim a Doutrina Social da Igreja Católica, consagrada, já naquela época, nos documentos “Rerum Novarum”, de Leão XIII, e “Quadragesimo Anno”, de Pio XI.
Neste processo, se destacaram figuras importantes da intelectualidade católica, que estiveram junto ao governo Getúlio Vargas em sua defesa de uma legislação trabalhista moderna. Foi o caso de Alceu Amoroso Lima, o Tristão de Athayde, famoso crítico literário e na época presidente do Centro Dom Vital.
Ninguém, porém, se destacou mais nessa missão do que Antônio Ferreira Cesarino Júnior. Católico praticante, Cesarino foi simplesmente o primeiro professor de Direito do Trabalho da história de nosso país, na USP. Organizou vários congressos e publicou diferentes livros sobre o tema. Negro, vítima de discriminação racial, Cesarino também é conhecido por ser nada menos do que fundador do velho Partido Democrata-Cristão, em 1945.
Neste dia 1° de Maio, Dia do Trabalho, nós, membros da Comunhão Popular gostaríamos de reafirmar publicamente o nosso compromisso irrenunciável com os trabalhadores do nosso país, com a defesa dos seus direitos e a luta por sua legítimas aspirações. Sem qualquer viés paternalista, de quem deseja falar em nome do povo sem se unir a ele, a CP acredita, ao contrário, que a classe trabalhadora é plenamente capaz de ser senhora de seu destino, e que, inspirada pelos valores sociais do Evangelho, poderá certamente construir uma autêntica economia comunitária. Uma economia do trabalho e da solidariedade – não do egoísmo e do lucro a qualquer custo, como temos hoje.
Que São José Operário, modelo de trabalhador e de pai de família, nos inspire neste percurso.
Sob Deus e com os pobres,
A Comunhão Popular.