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EMPRESAS FAMILIARES COMPETITIVAS: REALIDADE POSSÍVEL!

Em um dos vídeos da Comunhão Popular, nosso presidente, Pedro Ribeiro, discorreu sobre o padre Fernando Bastos d’Ávila e o solidarismo. Muitos devem ter pensado se seria possível um modelo econômico baseado em “empresas comunitárias”. Mesmo entre aqueles que acordaram com um copo de leite produzido pela cooperativa local ou que trabalham em uma empresa familiar, surge a dúvida. Não seria a riqueza concentrada, liderada pelo patrão ávido por lucro rápido, nutrida pelo acionista interessado nos dividendos ou administrada por burocratas designados pelo partido de plantão, que moveria o desenvolvimento econômico? Haveria exemplos que embasariam a “competitividade” do solidarismo?

Os exemplos são vários, e trataremos de muitos deles. No texto de hoje, gostaríamos de falar das empresas familiares. Mais especificamente, da experiência alemã das empresas do “Mittelstand”.

Integram o “Mittelstand” as pequenas e médias empresas alemãs, 95% delas empresas familiares, mas o conceito não se restringe ao porte da empresa. São aspectos de gestão, estrutura de propriedade e independência decisória, que definem o “Mittelstand”. Fazem parte dessa categoria as empresas de natureza familiar, orientadas para o longo prazo, em que os proprietários são responsáveis pela gestão e pelos riscos e a continuidade intergeracional do negócio é a principal preocupação.

As principais características do “Mittelstand” derivam da natureza familiar da gestão: relações estáveis com os clientes, produtos de alta qualidade, independência decisória, políticas de valorização de recursos humanos, financiamento conservador e fortes laços com sua região. Contrapõe-se, assim, ao foco no valor gerado para o acionista e favorece a sobrevivência da empresa, em um modelo alternativo à corporação listada em bolsa anglo-saxã.

Para prosperar em cenário competitivo, em que o sucesso requer volume de capital acessível somente a grandes grupos, as empresas do “Mittelstand” têm buscado nichos de alta exigência técnica, como peças e componentes, insumos médicos e embalagens térmicas para alimentos. O nome da família associa-se à qualidade do produto ou serviço de maneira mais estreita do que o conceito de “marca”. Nas palavras de Robert Bosch, fundador da Bosch, conglomerado de engenharia e eletrônica que originalmente era parte do “Mittelstand”: “eu prefiro perder dinheiro do que confiança. A integridade das minhas promessas, a crença no valor dos meus produtos e a minha palavra de honra têm sempre prioridade para mim em relação ao lucro transitório”.

O “Mittelstand” é apontado como a espinha dorsal da economia alemã. Seu sucesso é tão grande que muitas empresas cresceram e se internacionalizaram, mas mantêm a cultura de gestão e valorizam a pertença ao “Mittelstand” como parte de sua identidade. Com a inclusão dessas empresas maiores, no limite de faturamento de 1 bilhão de euros, o “Mittelstand” representa mais de 52% da produção econômica, 66% das exportações, 60% dos empregos, 51,8% do valor agregado da economia alemã. Mais de 1.300 empresas desse perfil são líderes globais em seu nicho de mercado. Se consideradas apenas as empresas pequenas, com faturamento inferior a 50 milhões de euros (99% das empresas da Alemanha), são 31,4% das exportações, 54% dos empregos, 35,8% das vendas e 32,9% dos negócios.

As razões para o sucesso do “Mittelstand” são muitas. Algumas delas são passíveis de reprodução em outros contextos, outras dizem respeito a realidades bem particulares da Alemanha. Boa rede de infraestrutura, sistema tributário que onera menos a produção do que o lucro, educação e capacitação profissional de qualidade são algumas delas. Não se trata de um modelo perfeito, e o “Mittelstand” também enfrenta desafios da globalização, da concorrência com sociedades de capital e dos avanços tecnológicos. Ainda assim, saber que esse perfil de negócio existe e prospera em pleno século XXI é passo animador para estudar mais a respeito.

Se você se identifica com um modelo de desenvolvimento mais equilibrado, em que as empresas são projetos de trabalho de uma família e não apenas máquinas de lucros e dividendos de curto prazo, venha para a Comunhão Popular.

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