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IRMÃ DULCE DOS POBRES, UM EXEMPLO DE CARIDADE

No dia 26 de maio, data de nascimento de Irmã Dulce, postamos um texto sobre esta que é uma das padroeiras da Comunhão Popular. Hoje, dia 13 de agosto, data em que se tornou freira, celebra-se oficialmente a festa litúrgica do Dia de Santa Dulce dos Pobres. Assim, nós, da Comunhão Popular, prestamos nova homenagem ao Anjo Bom da Bahia, a primeira santa brasileira – canonizada pela Igreja Católica em outubro de 2019.

Com treze anos de idade, antes mesmo da vida religiosa, Irmã Dulce já acolhia em sua casa, no bairro de Nazaré (Salvador/BA), doentes e moradores de rua. A quantidade de desvalidos que a procuravam era tal que a casa de sua família ficou conhecida como “A Portaria de São Francisco”.

Em 1933, entrou para a Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, em Sergipe, pela qual atuou como professora em um colégio em Salvador. Mas a sua verdadeira vocação sempre foi outra: o seu coração palpitava pelo trabalho de acolhimento dos pobres! Em 1935, passou, então, a prestar assistência à comunidade de Alagados, conjunto de palafitas situado no interior do bairro de Itapagipe. Ali, criou um posto médico e fundou a União Operária São Francisco – primeira organização operária católica do Estado. Mais tarde, esta organização tornou-se o Círculo Operário da Bahia, mantido pela arrecadação do Cine Roma, Cine Plataforma e Cine São Caetano, cinemas que ela mesma construiu, junto com Frei Hildebrando Kruthaup, por meio de doações. Inaugurou, ainda, uma escola pública para atender os operários e seus filhos.

O fato mais curioso de sua vida, porém, foi ter transformado um galinheiro em hospital, que, hoje, tornou-se um dos maiores complexos hospitalares de atendimento à população carente do Norte e Nordeste do Brasil. Em 1949, não tendo para onde levar 70 enfermos, pediu autorização a sua superiora para abrigá-los neste local situado ao lado do Convento Santo Antônio. Desta forma, assim como a nossa salvação espiritual nasceu em uma manjedoura, onde comem os animais, “porque não havia lugar na hospedaria”, o maior hospital da Bahia nasceu a partir de um simples galinheiro. Esta é a história de origem das OSID – Obras Sociais Irmã Dulce.

O que efetivamente movia a nossa santa padroeira? De acordo com os relatos de testemunhas oculares, a sua força motriz não era, em princípio, a busca de um ideal social ou mesmo assistencial. A total entrega de Irmã Dulce não se detinha no bem-estar alheio por si mesmo, no serviço pelo serviço, na solidariedade pela solidariedade. Não ocultava, também, interesses pessoais de grandeza. Era, portanto, algo mais que mera filantropia. Muito além disso, sua obra consistia em algo que brotava do Espírito, fruto de uma intensa vida de oração e penitência, dentro da qual estava sua relação viva e pessoal com Deus. Havia, portanto, em toda sua benfeitoria, um caráter transcendente. Em cada agir, uma resposta de amor Àquele que nos amou primeiro. Uma resposta concreta no presente. Uma resposta que se compadece, isto é, “sofre com” o outro, ciente de que dividir o que se tem vale mais do que dar o que se sobra. Eis o segredo da santa.

A vida de Santa Dulce é uma prova inconteste de um aspecto essencial da natureza humana: somos seres sociais e relacionais, dependentes da vida em comunidade. Por isso, mais do que qualquer motivação egoísta, é no ato de servir amorosamente ao outro que encontramos a vitalidade necessária para realizar o humanamente improvável e o economicamente inviável, como só uma mãe, em situações normais, faria por um filho. Assim, ela encorajava médicos, enfermeiros e demais funcionários de suas obras sociais a enxergarem a face de Cristo em todo doente e pobre que lhes batiam à porta. Ela sabia que o serviço solidário, quando integrado à relação pessoal com Deus, poderia ser potencializado em sua capacidade de realização, elevando o ato de servir da mera empatia ou filantropia à verdadeira caridade, pois “Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele” (1 Jo 4, 16).

Em um mundo de relações cada vez mais virtuais, isoladas e distantes, nós, da Comunhão Popular, entendemos que a vida da Santa Dulce dos Pobres exorta-nos ao serviço palpável, ao toque concreto, compassivo e silencioso no semelhante; instiga-nos à imersão na realidade alheia, sem quaisquer distinções, discussões e outros ruídos. Santa Dulce dos Pobres é um convite a caminharmos com as mangas arregaçadas e os olhos fixos além da temporalidade, para que, “gastando-nos” pelos pobres e pelo próximo, não sejamos vítimas das nossas próprias vaidades.

Sob Deus e com os pobres,

A Comunhão Popular.

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