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200 ANOS E O BRASIL QUE QUEREMOS

O Brasil completa o bicentenário de sua Independência sem festa. Pior do que a ausência de comemorações dignas, impressiona a ausência de ânimo para o debate sobre o sentido do Bicentenário. Ao olhar para o passado desses 200 anos, a Comunhão Popular entende que esse é o momento para uma reflexão que o Brasil precisa ter sobre seu futuro.

Falar da independência é falar do fim de um jugo colonial. A despeito da identificação de parte dos que viviam aqui com a metrópole, chegara a hora do rompimento, tratado pelo próprio Dom Pedro como desfecho inevitável diante do intuito recolonizante das Cortes portuguesas após a Revolução do Porto. A partir de então, o Brasil estava por conta própria. Apesar da dependência econômica da Inglaterra, não se tratou apenas de uma troca de metrópole, como alguns gostam de pregar nas escolas.

Foi uma obra incompleta, é verdade. Mais 66 anos para a libertação do jugo escravocrata; e só a partir de 1930 que se começa a enfrentar o jugo da dependência econômica estrangeira. Resta, ainda, uma série de faturas em aberto em termos de cidadania e desigualdade social. Não bastassem esses passivos, ao longo dos 200 anos também surgiram tentativas de se impor novos jugos sob nós.

Uma delas, que já tratamos em post nosso, é a colonização ideológica, projeto de desenraizamento e destruição de valores e tradições, promovido por grandes corporações econômicas e movimentos progressistas, com o objetivo de anular diferenças culturais, religiosas e morais e normalizar agendas como o aborto. Além disso, a crise ecológica, que ganha contornos dramáticos na Floresta Amazônica, traz ao Brasil um desafio civilizacional sem precedentes. Se não o enfrentarmos, decerto trará mais um jugo estrangeiro sob o pretexto de “cuidar da floresta”.

Nada disso será superado sem esperança. A ideia da independência em linhas majestosas, como na obra de Pedro Américo, bela, irreal e tão criticada, nos dá indícios disso. Por trás da magnificação artística das margens do Ipiranga, há o anseio verdadeiro de que nossos líderes sejam realmente grandiosos, de que nossa independência seja um grito de libertação e de que sejamos um país forte. As qualidades de José Bonifácio, Dona Leopoldina, Soror Angélica e Maria Quitéria deveriam alimentar nossa confiança de que é possível um país melhor.

Uma visão crítica da realidade também é necessária. Não se pode tapar o sol com a peneira: Dom Pedro I era um homem cheio de defeitos graves e não é o líder que gostaríamos de ter novamente. Para ficar no anedótico, o 7 de Setembro foi marcado por cólicas intestinais, o príncipe montava uma mula e talvez não usasse uniforme de gala no momento da declaração. Longe de nos constranger, essas constatações deveriam ser um convite ao esforço pela pátria mesmo em condições não glamorosas. Banalidades e imperfeições não devem ser motivo de desânimo.

O problema é que essa esperança consciente da realidade está em falta no Brasil. Prevalecem o medo – do comunismo, do fascismo, ou qualquer outro por aí – ou a nostalgia de um falso passado glorioso do “nunca antes na História desse país”. Estar com o povo passa a ser comer pão com leite condensado e ser grosseiro ou prometer picanha e cervejinha nos fins de semana, ao invés de cuidar das chagas diárias da população. Por trás da polarização política, há um conformismo com o fracasso do país em olhar para frente e pensar em como debelar seus problemas mais profundos.

Nós, da Comunhão Popular, temos o coração cheio de esperança e os olhos atentos à realidade. Temos a esperança de um Brasil soberano, cristão, livre, belo, justo, sustentável e desenvolvido, sem abortismo, sem fome, sem drogas, sem pobreza, sem milícia, sem queimada, sem racismo, sem juros proibitivos. Seguimos atentos ao Brasil sofrido, polarizado, violento, cansado, pobre e injusto, e não deixaremos falsos dilemas nos impedirem de lutar pelo país que queremos.

Sob Deus e com os pobres,
A Comunhão Popular

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