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PADRE ZEZINHO: VOZ DO BRASIL PROFUNDO

Hoje é um dia de festa! E não apenas para a Igreja Católica no Brasil, mas para todo o povo brasileiro! Exatamente 56 anos atrás, em 21 de setembro de 1966, era ordenado sacerdote o mineiro José Fernandes de Oliveira, conhecido como Padre Zezinho.

Iniciando seu ministério em uma época de efervescência da música popular brasileira, Padre Zezinho foi um grande promotor da integração entre fé e cultura – e se tornou um fenômeno no campo da música popular cristã. Pioneiro na melodia de suas composições, bem como no uso de instrumentos musicais modernos, como a guitarra elétrica, Zezinho foi o primeiro grande “padre cantor”. Bateu recordes e mais recordes de vendas, colecionando dezenas de sucessos. Ultrapassou, em número de álbuns, cantores como Roberto Carlos e Nelson Gonçalves, e se tornou o principal nome da gravadora Paulinas-COMEP. Suas músicas incorporaram-se ao cancioneiro nacional, muito além do público católico. É quase impossível encontrar um brasileiro que não conheça de cor ao menos uma de suas músicas.

O sucesso, porém, não deslumbrou o autor de “Um Certo Galileu”. José Fernandes sempre foi consciente de que o mais importante em sua vida era o sacerdócio. “Eu não sou padre porque eu canto. Eu canto por que sou padre. Cantar por cantar não leva a lugar nenhum. ” – diz ele mesmo – “Eu fui chamado para pregar a Palavra de Deus. Não sou padre cantor e não quero ser. Se tiver que cantar, eu canto, a Igreja pede. Mas comigo é ser padre catequista. Desde o começo eu não queria cantar, eu fiz músicas para os outros. Quero mesmo é que os jovens cantem”. Não à toa, Zezinho sempre se dedicou com imenso vigor às celebrações da missa, além de outras atividades missionárias. Publicou inúmeros livros sobre temas teológicos e ainda hoje, aos 81 anos, é extremamente ativo nas redes sociais, que usa como espaço de catequese.

Para nós, da Comunhão Popular, Padre Zezinho é uma permanente fonte de inspiração. Admiramos, em particular, sua capacidade de unir a profunda fidelidade ao ensinamento da Igreja com disposição igualmente firme de ouvir os sinais dos tempos, acompanhando os desafios e problemas da sociedade. Sua música é a maior expressão disso. Seu repertório pode ser considerado uma voz viva do Brasil profundo – cheio de fé ativa e sincera no Evangelho, mas permeado também por todo tipo de mazela e injustiça.

Neste ponto, entrelaçam-se a vocação do autor de “Maria da minha infância” e o carisma de sua ordem religiosa, a Congregação dos Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus (SCJ). A SCJ foi fundada por Léon Dehon, um padre francês dedicado a causas sociais, que estabeleceu organizações de assistência aos pobres, criou sindicatos e publicou livros sobre a Doutrina Social da Igreja. “Tenho pena de gente que imagina que sou burguês e capitalista ou comunista. Só não acham que sou sacerdote católico, que foi chamado a ensinar catequese e doutrina social! Minha congregação de padres foi fundada por um padre advogado e sociólogo e queria que seus padres se misturassem com o povo simples e ensinassem a eles os seus direitos! É isto o que faço!” – diz o próprio Padre Zezinho – “Quem me desrespeita por isto deveria procurar outra página. Aqui eu falo de direitos humanos e doutrina social católica. E isto não é coisa de direita ou de esquerda ou de centro. É coisa de justiça e paz, como está nos Evangelhos!”

Não é coincidência, portanto, que o Padre Zezinho tenha se tornado uma espécie de reserva moral do Brasil, uma voz sensata e de equilíbrio, imune à polarização política passional e desequilibrada que corrói o país. Essa lucidez tem como motivação o seu profundo amor à Doutrina Social da Igreja: “Eu li os mais de 100 documentos que ensinam isto desde Leão XIII até Francisco de Buenos Aires”. E para quem tiver dúvida, basta escutar atento as letras de suas canções, que são um verdadeiro compêndio de DSI.

Por tudo isso e mais um pouco, fazemos hoje memória de Padre Zezinho. Em particular, agradecemos a generosa acolhida com que sempre nos atende quando o contatamos em privado. Saiba, amado sacerdote, que sua vida e sua obra são um dos grandes motivadores deste pequeno grupo que busca levar para a prática os ensinos da Doutrina Social da Igreja.

Sob Deus e com os pobres,

A Comunhão Popular.

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