Uma expressão usada por “liberais de fato” nos EUA é dizer-se “socially liberal and fiscally conservative”, conjugação de “liberal nos costumes” e “ortodoxo na economia”. E como o brasileiro se identifica? Apesar das deficiências do nosso sistema representativo, o resultado das eleições pode nos ajudar a responder.
Mesmo com a “amálgama de socialismo e liberalismo” da Nova República, nas palavras de Michel Temer sobre a Constituição, após o neoliberalismo dos anos 90 e em meio ao pós-modernismo identitário, nossa população se mostrou conservadora nos costumes. A nova composição do Congresso Nacional e das Assembleias Legislativas, os temas da campanha eleitoral e a carta de Lula “aos evangélicos” comprovam essa realidade. Prevaleceram pautas pró-vida e a favor da ordem e das tradições.
No campo econômico, porém, complica. O liberalismo não é a preferência majoritária. Por outro lado, é difícil definir o que se quer. A vitória de Lula demonstra simpatia pela ação do Estado no combate às desigualdades sociais. Mesmo Bolsonaro abraçou o “Bolsa Família”, e políticos opostos a direitos trabalhistas e sistemas públicos de saúde e educação acabam escondendo sua posição do eleitorado.
Qual é, afinal, a identificação do brasileiro na economia? Aumentar o valor dos programas de transferência de renda, construir casas populares e deixar a economia a serviço do sistema financeiro? Patrocinar “grandes campeões” com dinheiro público? O brasileiro não prefere um sistema desenhado para a família e o pequeno produtor, com progressividade tributária, valorização do salário mínimo e defesa das cooperativas?
A Comunhão Popular é “conservadora social e distributista fiscal”. Defendemos uma economia solidária e distributista, guiada pela subsidiariedade e pela prevalência do trabalho sobre o capital. Nosso objetivo é desenvolver as capacidades locais; estabelecer cooperação entre grandes e pequenas empresas; relocar o sistema de crédito para ampliar o acesso privado aos meios de produção. Assim, promoveremos um modelo de desenvolvimento que respeite a promoção integral da vida humana.
Sob Deus e com os pobres,
A Comunhão Popular